Figura 1 |
Após o ato de mastigação, de
deglutição (engolimento), de movimentos reflexos peristálticos da faringe ao
esôfago e deste para condução do bolo
alimentar até o estômago, o macerado dietético (relativo à dieta), entra pelo
estômago através do esfíncter esofagiano inferior (região de controle do bolo
alimentar e bloqueia o refluxo do alimento do estômago para o esôfago).
Inicialmente vamos a um
passeio ao estômago, analizando as figuras 1 e 2, relevando o Fundo, o Corpo, o Piloro, o Esfíncter Pilórico, o
Duodeno e as camadas que revestem o órgão.
Apresenta uma mobilidade
relativamente grande, por ser frouxamente fixado ao peritônio, fígado, baço e
intestino grosso. Isso significa que se cheio e quando o corpo está balançando,
como num ônibus passando numa rodovia emburacada, o estômago terá uma certa
mobilidade.
Figura 2 |
O estômago conta também com a
ajuda de substâncias e enzimas que favorecerão ao reajuste do PH e concentração
de lipídios no processo digestivo, respectivamente substâncias alcalinas do suco pancreático e o
CCK (colecistoquinina).
Figura 3 |
Figura 4. Colecistoquinina. Molecular Complex Of Cholecystokinin-8 And N-Terminus Of The Cholecystokinin A Receptor By Nmr Spectroscopy |
A região pilórica então
servirá como um mediador do digerido, uma espécie de porteira, onde o estômago
enviará uma amostra do conteúdo digerido e receptores químicos vão indicar o PH
e a concentração de lipídios.
A regulação dos movimentos do
estômago dá-se de duas formas: através do nervo Vago X que se estende por toda
região e de um sistema chamado Plexo Mioentérico por neurônios intramurais, que
têm capacidade independente de realizar estes movimentos , devido a recepção
mecânica do bolo alimentar. Isso significa que mesmo com uma vogotomia
(inibição do Nervo Vago X por injúria ou corte), o estômago continuará
funcionando.
Capacidade máxima aproximal estomacal:
1,5 Litros! Isso mesmo, seu estômago consegue capacitar até essa quantia de
alimento, água e gases, óbviamente que é variável, devido a costumes e dietas de cada indivíduo.
ONDAS PELO ESTÔMAGO – UM
OCEANO DE MICROVILOSIDADES
Vamos complicar só um
pouquinho? Não existe células musculares nos tecidos estomacais, mas existe
um PA (Potencial de Ação), como no coração de 5-15mV. Isto ocorre quando uma
pequena onda elétrica é conduzida em direção ao piloro por meio daquele sistema
que comentamos no tópico anterior, o Plexo intramural, agindo como um marca
passo, como no seu coração! Está emocionado em comer né!
Acetilcolina é o
neurotransmissor responsável pela ocorrência das ondas lentas e hormônios
gastrointestinais vão estimular a frequência dessas ondas, produzindo as ondas
peristálticas.
Imagem 4: Motilina aumenta a frequencia. Nmr Solution Structure Of Motilin In Phospholipid Bicellar Solution |
Imagem 5: Secretina diminui a frequencia. Nmr Structure Of Vasoactive Intestinal Peptide In Methanol |
Figura 6 |
O epitélio gástrico é
revestido pelos estratos indicados na figura 6 e apresenta ainda fossetas que são invaginações que funcionam como
verdadeiros vulcões. Acima das fossetas existe uma camada de muco. Algumas
células produzirão o Ácido Clorídrico (HCl) e o Pepsinogênio, onde este ultimo,
na presença do ácido clorídrico maturará, formando a pepsina, que é de suma
importância para a digestão. O muco irá proteger o epitélio gástrico contra o
meio ácido. O ácido clorídrico será então, como dito antes, neutralizado pelo
suco pancreático que é altamente alcalino.
A Figura 7 mostra o transporte
ativo do H+ e do Cl- para a Luz estomacal. Repare que o próton H+ provém do CO2
do sistema vascular (sangue).
Proteção da mucosa estomacal:
- Junções oclusivas que impede o ácido clorídrico de penetrar entre as células;
- Camada de muco;
- Secreção de bicarbonato, neutralizando ácidos livres (Fig. 7);
- Aumento do fluxo sanguíneo, permitindo a manutenção da proteção.
Figura 7 |
A prostaglandina aumenta a
eficiência da barreira (Fig 8).
Este hormônio é inibido na
presença de antiinflamatórios. Por isso que sua mãe ou sua avó sempre te mandou
tomar antiinflamatórios junto ou imediatamente após a refeição, pois este
evento diminui a eficiência da barreira de proteção se for tomado de “barriga
vazia”, podendo causar gastrites ou úlceras gástricas.
Figura 8. Dinoprostona (uma prostaglandina). |
DETALHES
O pepsinogênio é convertido em
pepsina com o ácido clorídrico num meio de PH 2,0. Mais que isso a atividade
enzimática diminui drásticamente. O HCl também desnatura as moléculas ingeridas
que serão ainda mais facilmente degradadas. Assim, o PH não deve ser nem tão
baixo para desnaturar a própria pepsina nem tão alto para perder atividade,
devendo ser exatamente 2,0.
A regulação destes eventos
ocorre por meio de quimiorreceptores e de mecanorreceptores no estômago pelo
plexo intramural (lembra?) e pela inervação vagal (lembra também?).
FASES DA DIGESTÃO GÁSTRICA
Fase cefálica. Os estímulos
podem ser a memória (só lembrar daquela lasanha!), aroma (que cheirinho!), da
visão (um pudim cremoso!), audição (alguém grita: ta pronto o almoço!), mastigação (hummm ta
bom mesmo!) e deglutição (quando desce “redondo”!) e são mediados pela
acetilcolina, gastrina e histamina. Nesta fase que o apetite aumenta. A ação
vagal é indispensável pois aqui que ocorre a atividade enzimática ácida,
proporcionando aquele barulho estranho no estômago de fome.
Fase gástrica. Ocorre
estiramento da parede estomacal por recepção física e química do alimento,
através da acetilcolina, gastrina e histamina, por neurônios entéricos e
contrações da musculatura lisa e é responsável pela maior parte da secreção
ácida.
Fase intestinal. O quimo
(alimento depois de passar pelo estômago), através do esfíncter pilórico, chega
ao duodeno. Possui a capacidade de inibir os estímulos estomacais, reduzindo
sua motilidade e secreção (reflexo enterogástrico) e conta com dois
estímulos, o nervoso e o hormonal. Os estímulos são feitos pela secretina, CCK e
somatostatina, encerrando a atividade estomacal.
Fase basal. Nesta fase uma
glicoproteína é liberada chamada fator intríseco e liga-se a vitaminha B12 a
formar um complexo e ser absorvido pelo íleo (intestino delgado). Outro detalhe
é o ferro ingerido, no estado férrico (Fe3+) que não pode ser absorvido,
devendo ser reduzido (estado ferroso Fe2+), dependendo do HCl para esta reação.
A REALIDADE
O estômago não absorve
alimento algum. O estômago apenas absorve uma pequena quantidade de água,
eletrólito, álchool e algumas drogas lipossolúveis (solúveis a lipídeos –
hidrofóbicos).
O tronco celíaco enviará pela
artéria hepática ao fígado, substâncias para
detoxicação.
FOME E SACIEDADE
Quando os níveis de glicose
estão baixos, o centro da saciedade é ativado através do hipotálamo. A
regulação é feita pela distensão estomacal por receptores mecânicos,
significando que se puséssemos um balão inflado no estômago de alguém, esta
pessoa perderia a fome. Existem evidências de que o hormônio entérico CCK também influencia na saciedade da fome.
NÁUSEAS E VÔMITO
Podem ser provocados por
infecções, envenenamento, movimento do corpo, alimentação excessiva, lesões,
doenças cerebrais, enxaqueca ou tensão emocional.
Eliminar o conteúdo estomacal
voluntária ou involuntáriamente pela boca ou nariz é o ato do vômito,
geralmente após a náusea.
Estímulos que podem causar:
informações intestinais: vírus, bactérias, drogas, como na intoxicação
pela maionese estragada; informação do órgão vestibular (labirinto, localizado
no ouvido e tem a função de orientação e equilíbrio) e do encéfalo, doenças,
traumatismos, dores, enfim. Radioterapias e quimioterapias também podem causar,
bem como aplicação de objetos na garganta e crises de tosses.
Os problemas no ato de vomitar
é a perda de líquidos e eletrólitos e
consequentemente alterar o quadro da composição eletrolítica e desidratação
corpórea. O suco gástrico pode provocar lesões na mucosa esofágica.
A mecânica do vômito exige a
contração duodenal e gástrica, relaxamento de esfícteres, salivação ampliada e
contração de músculos da parede abdominal, aumentando a frequencia cardíaca.
Referências Bibliográficas:
Corpo Humano 2 CEDERJ Consórcio
CECIERJ, Módulo 2, aula 16, Rio de Janeiro.